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domingo, 23 de maio de 2010

Período Antropológico...

A filosofia Socrática marca um momento também conhecido por Período Antropológico. Mais uma vez temos uma palavra de origem grega composta por outras duas: Antropos e Logos. Já sabemos que Logos significa ciência ou estudo de determinado assunto; Antropos significa Homem, no seu sentido genérico, marcando a qualidade de Ser Humano enquanto espécie destacada das demais. “Antropológico” ou “Antropologia” resulta em ciência ou estudo do homem e de suas qualidades intrinsecamente humanas.

Enquanto os pré-socráticos estavam preocupados em definir a essência da natureza, a phisis, Sócrates estava preocupado com questões absolutamente relacionadas às qualidades humanas. Portanto, a justiça, a honra, a beleza, a bondade, não são qualidades que se encontram na natureza, não possuem a phisis como sua essência. São, na verdade, qualidades estritamente relacionadas com a capacidade de julgar do ser humano. Assim, por exemplo, se uma pessoa acha uma paisagem bonita, a beleza desta paisagem não está nela mesma, mas no julgamento daquele que assim a considera.

Deste modo, a natureza não pode ser nem bela nem feia, nem justa nem injusta, nem boa nem má. A natureza apenas contém objetos físicos que, para Sócrates, não passavam de cópias defeituosas das idéias que são perenes e que habitam um mundo que só pode ser visitado pelo espírito racional.

Assim, se desloca o eixo das investigações filosóficas da natureza para o homem. Enquanto os Pré-Socráticos pretendiam entender e explicar o universo por meio da compreensão de sua essência atômica, os elementos, Sócrates pretendia conhecer o universo a partir daquele que o pensa, por meio da essência humana que ele acreditava ser a Razão ou o Espírito.

Outra característica bastante intrigante da filosofia de Sócrates é que ele nada escreveu acerca disto tudo que comentamos. Sabemos de seus pensamentos por seus discípulos, que se encarregaram de escrever, na forma de Diálogos, as suas teorias sobre o mundo. Como já sabemos, o discípulo mais famoso de Sócrates foi Platão. Este escreveu muitos Diálogos, nos quais encontramos o personagem Sócrates colocando seus adversários intelectuais em situações muito difíceis.

Num dos Diálogos mais marcantes escritos por Platão, Apologia de Sócrates, encontramos Sócrates sendo julgado e condenado à pena de morte por ameaçar a democracia grega com suas idéias. Mesmo com a possibilidade de fugir, Sócrates se recusa e prefere acatar a sua condenação bebendo cicuta (um tipo de veneno). Por fim, morre dizendo que somente o seu corpo perece, mas que seu espírito retorna para o mundo inteligível para contemplar, mais uma vez, as idéias eternas que lá habitam. A vida de Sócrates, portanto, se confunde com a sua filosofia, tornando-se, ele próprio, um exemplo daquilo que mais acreditava. Por sua vez, Platão não é um simples escrevente. Ele também colocou, em suas obras, idéias que são atribuídas somente a ele e não a Sócrates, porém sempre muito influenciado pela vida e pelas idéias de seu mestre, cuja maneira como morreu muito o abalou. Tanto foi assim que a política se tornará um dos temas mais centrais da filosofia de Platão.

Platão escreveu um livro intitulado A República, no qual trata das questões de um Estado perfeitamente governado. Para ele, um tal Estado só existia enquanto quimera, enquanto utopia, pois, para que fosse perfeitamente governado, seria necessário que ou o Rei se tornasse Filósofo ou o Filósofo se tornasse Rei. Assim, ele defendia uma espécie de monarquia efetuada por filósofos, já que a democracia havia matado Sócrates.

Para Platão, o Rei ou o Filósofo, nesta monarquia, deveria seguir mais ou menos o exemplo de Sócrates. Platão acreditava tanto nisto que por duas vezes foi à cidade de Siracusa para convencer o tirano Dionísio e, em um segundo momento, Dionísio II, sobre suas idéias de um Estado Ideal, mas fracassou sempre. Para Platão, a geometria era a maneira mais fácil de se entender o mundo inteligível a que Sócrates fazia referência. A tradução das formas geométricas em números era a prova de que eles possuíam a característica da necessidade e da universalidade que sempre deveriam estar presentes nas verdades apregoadas por Sócrates. Assim, um triângulo sempre seria um triângulo, independente se era reto ou agudo. Assim como todo quadrado sempre deveria possuir quatro ângulos iguais e, se dividido ao meio por uma reta, sempre se obteria ou dois triângulos ou dois retângulos. E um triângulo e um quadrado não se tornam outra coisa ao serem vistos por mim ou por você, ou por qualquer um.

Platão fundou então a sua academia onde ensinava filosofia baseado nos preceitos geométricos euclidianos de espaço, ponto, reta, circunferência. Percebemos em Platão um dos primeiros grandes educadores, que se identificava com um tipo de pedagogia própria e sistematizada, voltada para um fim quase político de educação, baseando-se na filosofia e influenciando, sobremaneira, o pensamento ocidental.

1- Esta mudança de eixo na investigação filosófica da natureza para o homem é interessante porque nos faz perceber aspectos que antes ficavam ocultos como, por exemplo, a capacidade de se fazer julgamentos sobre o belo, o bom, a amizade, que são atributos que o homem impõe à natureza. Mas estes atributos existem de fato ou são criados? Em outras palavras, o Belo, o Feio, o Justo, o Injusto etc. existem mesmo e podem ser definidos ou isto irá depender da opinião de cada um? Explique.

2- Você acha que a política pode se beneficiar da análise filosófica como queria Platão? Ou filosofia e política são duas coisas que não se misturam? Dê sua opinião falando um pouco a esse respeito. Utilize, em sua explicação, exemplos atuais.
3- Explique a diferença entre os filósofos pré-socráticos e Sócrates.
4- Explique a afirmação: cada ponto de vista é a vista de um ponto.

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