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sábado, 22 de maio de 2010

O Amadurecer da Filosofia...

A partir do momento em que a filosofia começou a amadurecer no mundo ocidental, e isto se deu na Grécia Antiga, lá pelos séculos V e IV a.C., as explicações sobre os eventos, sobre os fenômenos, sobre as causas e fins da existência adquiriram um novo formato, um novo perfil. As explicações baseadas nos humores divinos começaram a ser deixadas de lado em favor de um tipo totalmente novo de argumentação. Este novo tipo de argumentação tinha por base o uso pleno da famosa Razão Humana – e esta tinha por uma das características deixar os deuses de lado quando o assunto exigisse algum tipo de reflexão do pensamento.
Mas o que houve, de fato, para se abandonar um tipo de explicação para se adotar outro? O que levaria pessoas fiéis, tementes e crédulas, a se arriscarem desta maneira, a ofenderem suas divindades, isolando-as como figuras exclusivamente decorativas, sem função explicativa, e sem poderes extra-humanos? Em outras palavras, o que leva a crença à descrença? Do uso exclusivo da Fé ao uso exclusivo da Razão?

Como veremos mais adiante, não há uma única resposta a estas perguntas; no entanto, podemos resumir muitas delas de maneira razoável dizendo que havia uma insatisfação humana muito grande com relação ao controle do mundo quando este ainda era governado pela vontade divina. Ou seja, as pessoas percebiam que seus cultos, sacrifícios, orações e rituais muitas vezes não conduziam aos resultados esperados. Não importa muito por quais íntimas razões os deuses não queriam atender a todos os pedidos que lhe eram feitos. O importante mesmo é que havia um grande desejo de manipular, de controlar, de obter um poder antes exclusivamente divino.

Mas, para começarmos a entender o que é isto que os gregos antigos entendiam por Razão, este instrumento suficientemente poderoso para substituir os deuses, tomando o seu lugar nas alturas como um único, novo e poderoso deus, vamos relembrar duas histórias míticas pertencentes a dois povos diferentes, mas que, no entanto, apontam para o mesmo sentido.

A primeira história mítica a conhecemos muito bem, é a do povo judeu e fala a respeito dos primeiros momentos da existência do universo. Trata-se da história contada no livro Gênesis na Bíblia.

Como sabemos, segundo este livro, após Deus ter criado a Terra, dando forma a ela, feito a luz etc, achou Ele por bem criar o homem e a mulher para que nela habitassem e lhes deu poder sobre todos os outros seres que nela existiam. Contudo, a serpente, com intenções malignas, acabou por tentar Eva e esta, por sua vez, tentou Adão para que comesse o fruto da árvore que estava no meio do jardim do Éden e que tinha por nome “Árvore do conhecimento do bem e do mal”. Ato feito, instantaneamente tomaram conhecimento de sua situação e sentiram vergonha dela - imediatamente Deus os amaldiçoou terrivelmente e os expulsou de seu Paraíso para que também não comessem do fruto da “árvore da vida” e se tornassem iguais a Ele. Além disso, o próprio Deus disse a Eva que tornaria a sua gestação dolorosa e condenou Adão a sempre ter que ganhar o pão com o suor do seu rosto.

A segunda história mítica é a do povo grego e talvez seja tão antiga quanto a que acabamos de ler. Trata-se da história de uma das divindades gregas conhecida pelo nome de Prometeu e a conhecemos, principalmente, pela Tragédia Grega (peça de teatro de cunho trágico) “Prometeu Acorrentado” de Ésquilo.

Segundo esta história, houve um tempo na Terra em que os homens se assemelhavam em muito ao restante dos animais, pois não tinham o Fogo para se esquentarem, para cozinharem seus alimentos, para se protegerem ou para os diversos fins aos quais o fogo se presta. Um belo dia, o Titã Prometeu, um ser divino aparentado com os deuses do Olimpo, ou por se compadecer da miséria dos humanos ou para brincar com Zeus, o pai e chefe de todos os outros deuses, resolveu roubar-lhe o fogo e entregá-lo às pessoas lá embaixo, na Terra, para que dele fizessem uso.

Ao tomar conhecimento da zombaria e ousadia de Prometeu, Zeus mandou acorrentá-lo no alto de um rochedo com correntes que nunca se partiriam para que todo dia um abutre viesse e devorasse um pedaço do fígado do infeliz Titã. Este, por ser um imortal, teria que sofrer por toda a eternidade já que seu fígado todo dia se recuperaria para que o abutre viesse devorá-lo novamente. Mas a história ainda não acaba aí.

Percebendo, porém, que os humanos já dominavam o uso do fogo e poderiam começar a fazer frente aos deuses, Zeus achou por bem enviar-lhes um presente ambíguo, duvidoso. Enviou Zeus, aos homens, a mulher Pandora que, por ser muito atraente, jamais seria por eles recusada; ela trazia consigo uma pequena caixa que, quando aberta, espalharia por toda a Terra os mais diversos males, como pragas, doenças, dores de todo o tipo, sofrimentos de amor, chagas, pestilências, infortúnios, tristezas etc.

Como vemos, as duas histórias parecem ter um fim infeliz para o time dos mortais, no qual nós estamos incluídos.
1- Como podemos comparar as duas histórias míticas levando em consideração o papel que o ser humano desenvolve nelas? Será que elas falam a respeito da mesma coisa ou não têm nada a ver uma com a outra?
2- Como você entende a capacidade de raciocinar? O que é isto que é chamado de Razão para o nosso povo e para o nosso tempo?

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