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domingo, 23 de maio de 2010

Conhecimento...

Para iniciarmos nosso caminho na estrada que leva à investigação crítica da filosofia, temos que saber um pouco de como, passo a passo, o conhecimento foi se modificando no decorrer da história. É preciso saber como a filosofia foi se estruturando na medida em que os diversos pensadores foram tomando conhecimento dos trabalhos uns dos outros, criticando-os, fazendo sugestões, tendo idéias.

É difícil imaginarmos que o conhecimento filosófico, desde a época de Sócrates, Platão e Aristóteles, tenha aumentado ou diminuído. Geralmente pensamos apenas que ele se modificou, adquirindo elementos novos e perdendo outros tantos na mesma medida. Isto acontece porque não tratamos o conhecimento filosófico como, por exemplo, tratamos o conhecimento sobre as diversas tecnologias.

Explicando melhor, é fácil percebemos a melhora que ocorre nas modificações que os engenheiros fazem nos carros de ano para ano, ou nos computadores, ou nas televisões, ou nos aviões etc. Simplesmente porque eles são capazes de aperfeiçoar peças, tirar erros de projeto, melhorar o desempenho geral e assim por diante; estes engenheiros são capazes de acumular um saber específico sobre um determinado ponto e, assim, a sua bagagem teórica e prática cresce sem nunca diminuir. Percebe-se, assim, porque uma lâmpada projetada nos dias de hoje não pode ser inferior, ou de igual qualidade, à primeira lâmpada inventada na história.

Já na filosofia as coisas mudam um pouco de figura. O saber que os filósofos acumulam é de ordem histórica; sabemos quem foi Sócrates, sabemos de suas idéias, onde viveu a maior parte de sua vida, de que maneira morreu etc. Porém, há algo que não se pode acumular e que é vital para se ser um bom pensador. Este algo é a capacidade de saber lidar com a informação que se recebe de modo a fazer dela algo novo, um conhecimento crítico.

Desta maneira, muito raramente temos, nos dias de hoje, o mesmo tipo de produção filosófica com a qualidade extremamente inovadora como foi a de 2400 anos atrás. Estamos acostumados a pensar que o tempo presente e o futuro sempre trazem coisas melhores, mais aperfeiçoadas. Mas podemos perceber que, pelo menos em filosofia, esta não é uma regra geral. É claro que, nos dias de hoje, raramente encontramos alguém com as mesmas idéias de Platão ou de Aristóteles, em suas peculiaridades, porém as linhas gerais que estes pensadores tornaram públicas nos seus trabalhos possuíam tanta originalidade, tanta criatividade, que ainda são bastante atuais nos dias de hoje.

Percebemos que o que torna a filosofia um conhecimento diferente da maioria é que ela possui um movimento dinâmico, extremamente complexo, de ida e volta às suas raízes. Na verdade, ela nunca esquece o seu passado, as suas origens, e está sempre tentando mostrar coisas que os antigos filósofos não eram capazes de perceber; porém esta é uma tarefa difícil na medida em que os filósofos, em sua maioria, antecipam essas críticas e criam sistemas de pensamento quase indestrutíveis.

No centro da filosofia, mais do que o saber histórico, que também possui a sua devida importância introdutória às questões pertinentes ao conhecimento prático, está a capacidade criativa do pensador. Esta capacidade criativa será diferente de um para o outro, porém ela sempre existe e é ela que nos faz inventar perguntas dos mais diversos tipos, é ela que nos move a pensar, é ela que nos impulsiona a explicar as coisas, a criar maneiras e sistemas de compreender o mundo.

Só assim, dentro de nós, sentimos uma espécie de contentamento, uma saciedade que é muito parecida com a saciedade que sentimos depois de comer. Assim como a fome, a ignorância sobre determinado assunto também nos faz sentir um pouco vazios e este vazio nos faz querer buscar algo que o preencha. Uma vez preenchidos, nos sentimos bem, porém, mais tarde, aparecerá uma nova dúvida, uma nova pergunta que pedirá mais uma resposta num processo sem fim. Como a fome pede um alimento para o corpo, a ignorância nos faz querer um alimento para o espírito, para a inteligência; no entanto, este sempre precisará de mais e mais para se tornar cada vez mais forte, mais crítico. Todavia, exatamente como a fome extrema, também a ignorância extrema nos deixa fracos e preguiçosos intelectualmente; deixamos de querer saber para ficarmos parados e quietos, enquanto nosso espírito definha.

A conclusão a que chegamos a este respeito é a de que o espírito, a mente, deve ser bem alimentado para que cresça forte e desenvolva esta bela qualidade intrinsecamente humana: a capacidade de pensar por si mesma. Só assim se exercita a habilidade crítica, que é inata a todos, mas que está dormente, subnutrida, em muitos que não tiveram acesso à informação. Uma vez desenvolvida, ela nunca pára de crescer e de dar frutos. Estes frutos são as idéias originais como foram, por exemplo, as de Sócrates, Platão e Aristóteles. Por sua vez, estes frutos serão o alimento filosófico para os que vêm depois e que possam estar famintos por conhecimento.

1- De fato a filosofia se diferencia do conhecimento tecnológico; este avança sem nunca se deter, mostrando coisas novas todos os dias, enquanto ela (a filosofia) parece não chegar a lugar algum neste movimento de ida e volta que os pensadores fazem entre si. Isto nos dá a falsa impressão de importância e necessidade que a tecnologia, por exemplo, parece ter e que a filosofia parece não ter. Mas se assim é, por que a filosofia existe e resiste ainda nos dias de hoje? Faça um comentário a este respeito.
2- A fome intelectual é saciada com informação, a digestão é a reflexão crítica. Tanto melhor será a digestão quanto mais “saudáveis” forem estas informações. Mas para encontrar informações deste tipo é necessário saber onde colhê-las. O resultado deste processo é um ser humano com potencialidades intelectuais realizadas. Quais fontes de informação você considera mais pertinentes para o seu desenvolvimento intelectual? Argumente em favor de sua resposta.
3- Por que a ignorância é prejudicial ao homem? Como ela limita o ser humano? Comente.

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