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domingo, 23 de maio de 2010

O que nos põe a pensar...

Uma questão que perturbou, e nos dias de hoje continua perturbando a cabeça de muitos filósofos, é aquela relacionada às causas das atividades mentais nos seres humanos, isto é, sobre a causa dos pensamentos e de seus correlatos. A pergunta que muitos filósofos, teólogos e cientistas tentavam responder era a seguinte: “O que nos põe a pensar?” ou “Seria a alma a responsável pelos movimentos físicos e mentais nos homens?” ou “Será que a mente se encontra no cérebro?”

De início, os filósofos concluíram que não somos como folhas ao vento, isto é, que não nos movemos aleatoriamente, de um lado para o outro, de acordo com as condições do meio ambiente, mas que possuímos uma vontade pessoal bastante marcante, a qual controla o sentido e a direção de quase todos os nossos atos. O mesmo acontece com os nossos pensa-mentos; notamos que pensamos sobre determinadas coisas de acordo com nossos interesses particulares, concluindo que eles também devem possuir uma explicação, uma causa, uma origem bastante determinada.

De modo que tendo de haver uma explicação para tudo o que percebemos, e tendo percebido que há movimento e pensamento em nossos corpos, então deve haver uma explicação também para estes movimentos que ora são físicos (quando chutamos uma bola), ora são volitivos (quando imaginamos que iremos conseguir fazer o gol). Este porquê de nos movermos e pensarmos assumiu as formas mais convenientes para cada época filosófica.

No início era óbvio que nos movíamos, tanto física como intelectualmente, somente graças à vontade divina. Esta foi a explicação mais conveniente mesmo depois de haver iniciado o período da Razão. Ou seja, nesta época foi necessário a postulação de um motor primeiro para explicar todos os movimentos existentes. Este motor primeiro é encarado como aquilo que deu início a todo movimento, sendo que antes dele não havia movimento de espécie alguma. O motor primeiro simplesmente não requer explicação nem poderia ser humanamente explicado, ele existe apenas como recurso de investigação na medida em que, sem ele, as especulações filosóficas e científicas ficam sem base. Teologicamente este Motor primeiro também é conhecido pelo nome de Deus.

Então, teologicamente falando, somente a Deus podemos atribuir as causas pelas coisas moventes na Terra. Nas pessoas, no entanto, pode-se perceber que, além dos movimentos físicos comuns aos outros animais, também há os movimentos que chamamos de espirituais ou mentais. Estes são movimentos invisíveis ao olho, mas que estão presentes quando pensamos, desejamos, sentimos, amamos, ansiamos, quando temos medo, raiva etc. Quase automaticamente, então, os filósofos e outros teóricos passaram a fazer uma diferenciação entre dois tipos de movimentos: os externos (físicos) e os internos (mentais ou espirituais).

Esta diferenciação de movimentos também criou uma diferenciação entre dois mundos, um mundo externo (físico) e um mundo interno (espiritual ou mental). No mundo externo podemos encontrar os movimentos comuns, mecânicos e determinísticos. Contudo, no mundo interno, no mundo espiritual ou mental, encontramos movimentos muito diferentes destes. Isto é, os movimentos espirituais ou mentais são incorpóreos e, por este motivo, não obedecem às leis da mecânica e não precisam ser determinísticos.

A imaginação, a capacidade de criar livremente, é um atributo do espírito (ou da mente, como preferir). Assim sendo, fica claro como a liberdade do pensamento ganha asas gigantescas quando no âmbito do “puramente mental”; prova disso são alguns sonhos, por exemplo, em que estamos voando,em que estamos nus e ninguém percebe ou em que vemos bruxas e dragões. A partir destas observações, muitas vezes é possível obter a incrível conclusão de que somos capazes de transitar em dois mundos distintos: um físico e um outro metafísico, um espiritual e um outro material, um natural e um outro imaginário. Apenas muito recentemente os homens acharam por bem tentar entender o mental utilizando as mesmas bases que estavam sendo usadas para entender o mundo natural ou físico. Estas bases são as bases mecânicas do espaço e do tempo, existentes em nosso mundo cotidiano. Assim, se o estômago é capaz de digerir certos alimentos, é porque ele possui certas propriedades anatômicas e químicas que o permitem realizar a digestão. Igualmente se imaginou que, se somos capazes de pensar, só pode ser porque deve existir um órgão em nós com certas propriedades anatômicas e químicas próprias para o efeito do pensamento. Assim, todas as atenções se voltaram para o cérebro como o órgão responsável pelos movimentos mentais. Desta maneira o processo do pensamento, para todas as análises futuras, deveria ser encarado como um movimento físico, da mesma forma como é físico o processo digestivo realizado pelo estômago. A partir destas teorias, o espiritual, a imaginação, o mental perderam sua causa divina, não pertencendo mais a um mundo metafísico. Disto estão tão certos os atuais pesquisadores da área como estavam certos os primeiros teóricos quando apontavam para Deus como a única explicação para aquilo que nos anima, que nos move, que nos empurra para querer viver e saber cada vez mais, ainda que este “mais”, talvez, esteja bem longe do que se possa entender como “Verdade”.

1- Se pararmos para pensar sobre os nossos próprios pensamentos, nos tornamos conscientes de nós mesmos. Este “nós mesmos” é feito de um pouco de sensação, um pouco de imaginação e um pouco de emoção. A qual destas três porções estamos mais ligados nos dias de hoje? Explique.
2- As palavras “Espírito” e “Mente”, para muitos filósofos, nomeiam a mesma coisa. O que seria esta coisa nomeada por estas palavras? Explique.

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